[Video] Crítica sobre os Novos Cavaleiros do Zodíaco (Netflix)



Fiz uma pequena participação no Canal Cult de Cultura, discutindo a nova adaptação dos Cavaleiros do Zodíaco, problematizando até que ponto a adaptação inova, atualiza ou, antes, retrocede, em relação à série clássica de 1986, da Toei Animation.

A nova série, distribuída e coproduzida em parceria com a Netflix é uma nova adaptação da história de Saint Seya e seus colegas cavaleiros. Como adaptação, a nova série animada deve ser considerada a partir do contexto, das intencionalidades, das adaptações, etc. Meus argumentos partem de duas observações: a questão da violência, comum em histórias "shounen", que foi suprimida, basicamente na nova adaptação e a questão da mudança de sexo do personagem Shun de Andrômeda.

A mudança de sexo do Cavaleiro Shun de Andrômeda representaria um retrocesso para a discussão sobre a diversidade das masculinidades que a série anterior promovia, visto que apresentava tanto mulheres fortes quanto diferentes tipos de masculinidades. Na nova adaptação, a impressão que fica é que determinados perfis, características comportamentais, no ocidente, são quase que obrigatoriamente associadas a mulheres, ao invés de homens, mantendo aos homens características de uma visão machista clássica.

Shun representava uma perspectiva de masculinidade não normativa. Um perfil de masculinidade desassociado da agressividade, da violência e mostrando que meninos também são sensíveis, delicados e frágeis e que tais características não estavam (e nem devem estar) associados à sexualidade. Haja vista, que Shun de Andromeda, não era Gay.

Sua feminilização só demonstra, ao contrário do que possa parecer, não uma valorização do feminino, mas um reforço do esterótipo preconceituoso que associa à masculinidade a incapacidade de ser frágil e delicada. As mulheres já eram apresentadas na série de forma impactante. Tanto como heroínas e como vilãs. Mulheres fortes, líderes e treinadoras dos jovens heróis. Além do velho perfil sensível e frágil com a Saori.

Infelizmente, a lição que sobra desta adaptação é que não há espaço para meninos que não seguem o padrão normativo de masculinidade. Eles são apagados da história e melhor serem vistos logo como "mulheres". Afinal, homens de verdade, que gostam de mulheres, não demonstram seus sentimentos ou choram e nem vestem rosa.

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