[BANCA de MESTRADO] A onomatopeia como elemento gráfico no mangá brasileiro Eruvë

 


Tive o prazer de Co-orientar a agora Mestra em Design, Janaina Freitas Silva de Araújodesenhista e pesquisadora, minha filha postiça, parceira nas pesquisas (veja aqui, aqui, aqui e aqui) e na produção de HQs (veja aqui, aqui, aqui, e aqui também 😛) e que acompanho desde a graduação e que acaba de apresentar sua Dissertação de Mestrado em Design (UFPE) com um estudo instigante sobre o uso das Onomatopeias em Mangás Brasileiros.

Agradeço ao Programa de Pós-graduação em Design da UFPE e a Profa. Doctre. Eva Rolim Miranda por terem me acolhido e me permitido esta co-orientação, além dos membros avaliadores da banca: a Profa. Dra. Sonia Maria Bibe Luyten, decana dos estudos sobre quadrinhos e, especificamente, mangá, no Brasil; e, o Prof. Phd. Silvio Barreto Campello pelas contribuições.


Destaco a presença do pessoal do
Studio PBR - uma escola/coletivo de produção de quadrinhos em Maceió, no qual Janaína é uma das fundadoras e professora atuante. O que garantiu um público com uma defesa virtual com 17 pessoas presentes. 

Título do trabalho: A onomatopeia como elemento gráfico no mangá brasileiro “Eruvë: O conto da dama de vidro”

de: Janaina Freitas Silva de Araújo

Orientadora: Profa. Doctre. Eva Rolim Miranda 

Co-Orientador: Prof. Dr. Amaro Xavier Braga Junior



Resumo do trabalho:

A onomatopeia é uma das principais características de uma história em quadrinhos (HQ) e seu estudo, abrangendo mangás japoneses, já foi aprofundado por teóricos nos campos da Literatura, Linguística, Comic Studies e Comunicação. Desde 2015, após o crescimento de HQs independentes no Brasil, houve o surgimento de títulos denominados como “mangá brasileiro”. Eruvë, publicado em 2015, foi um destes títulos, produzido por Mariana Petróvana, por mim, quadrinhista e pesquisadora, e a equipe do Studio Pau Brasil. Esta pesquisa busca, por meio de estudo de caso desta obra, investigar como o elemento da onomatopeia pode ser analisado enquanto elemento gráfico pictórico e esquemático e não apenas verbal. Partimos do princípio de que a onomatopeia no mangá oriundo do Japão e suas classificações (gitaigo, giseigo, gijogo e giongo) não consideram apenas a conformação fonética na representação do “som”, mas igualmente a forma como esta é desenhada. Logo, propusemos uma nova classificação para as onomatopeias (som da natureza, de objeto, de personagem e de emoção) em Eruvë e a submetemos à análise de um grupo de foco pré-selecionado. Nossos resultados apontam para a discussão sobre o processo de interpretação da onomatopeia e suas características gráficas (traço, cor, escala e movimento), e como estas influenciam na percepção do leitor sobre o sentido do “som”.

PALAVRAS-CHAVE: Design, mangá, onomatopeia, Eruvë, representação gráfica.


Minhas Considerações Gerais:

O trabalho de Janaína, ou Jana, como carinhosamente me acostumei a chamar, desenvolveu uma investigação instigante, original, inovadora sobre o uso das onomatopeias no mangá brasileiro e suas caracterização gráfica, por vias do uso desse recurso visual e narrativo.

Seu levantamento - que toma como pano de fundo sua própria experiência etnográfica na concepção de Eruve - nos permite ter acesso aos elementos que são utilizados pelos desenhistas  - e quadrinhistas (Sim, eu insisto nessa nomenclatura, com "h" mesmo) - na constituição de suas histórias. Não as trata como procedimento criativo ou recurso estilístico, mas, essencialmente, como procedimento técnico necessário à quadrinização.   

Isso nos permite uma reflexão sobre como opera a linguagem gráfica do processo de produção de quadrinhos no Brasil. 

Faz um vasto levantamento bibliográfico e cruzando com profissionais de atuação do campo. Obviamente, como dissertação de mestrado, não há um aprofundamento desses conceitos ou ideias. A criticidade sobre o "quem disse o quê" e seus entrecruzamentos teóricos, lhe escapa. Afinal, o objetivo não era desenvolver um estudo teórico - isso, certamente, ocorrerá no Doutorado - mas uma investida empírica que pudesse colaborar com os estudos sobre quadrinhos. 

No fim, o resultado tornou seu trabalho uma base de referência significativa para novos estudos sobre processo de produção e editoração gráfica de HQs no estilo mangá e até mesmo de outras vertentes. Inclusive, com o uso de metodologias diferenciais para estudar esses objetos. O que temos é uma proposta de classificação para analisar as onomatopeias e os vínculos disso com a área do design.

Jana também demostra uma certa maturidade. Seu trabalho seguiu caminhos de forma independente. Algumas coisas, dentro do seu trabalho, eu não concordo e até tenho posições contrárias - especialmente a ênfase aos Comics Studies estadunidense, ao qual não sou adepto e critico bastante em meus estudos. Isso não é negativo, afinal, demonstra sua capacidade de pensar sozinha e defender uma plataforma - aspectos necessários a qualquer pesquisador ou pesquisadora. 







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