[Entrevista] Blog "Quadrinhos" do Jornal do Brasil de Pedro Luna

Copiado do Blog "Quadrinhos" do Jornal do Brasil de Pedro Luna


Em comemoração ao Dia do Quadrinho Nacional, acontece na próxima segunda-feira às 19h a palestra “O que é Quadrinho Nacional?” ministrada pelo sociólogo e professor da Universidade Federal de Alagoas, Amaro Braga. Na ocasião ele lançará o livro “Desvendando o Mangá Nacional”, fruto de uma pesquisa sobre os quadrinhos feitos no Brasil que se utilizam do desenho japonês.

Confira a entrevista:

JBlog >> Sobre o que é exatamente o livro?

Amaro Braga - O livro problematiza a própria noção do que seria um "mangá nacional", isto é, um mangá brasileiro. Se mangá é um quadrinho japonês (e não simplesmente o termo quadrinho em japonês) o que faria deste hq um produto cultural brasileiro? O que tem de nacional nele? É o desenho? A história? Personagens? Seus produtores?

Começo questiono o papel dos quadrinhos na percepção dos valores culturais e identitários, sigo pela discussão sobre a identidade nacional, faço o levantamento dos mangás nacionais até 2010 e depois concentro a análise na Holy Avenger, o mangá nacional mais famoso, até então.

Termino questionando se o surgimento dos mangás nacionais seriam apenas um fenômeno de reprodução (comercial) ou algo mais complexo vinculado às dinâmicas híbridas da sociedade.



JBlog >> Existe alguma relação acadêmica entre o livro e o trabalho desenvolvido na UFAL?
Amaro - De certa forma. Na UFAL desenvolvo pesquisas sobre a estética dos quadrinhos e suas representações sociais. Leciono um disciplina chamada "análise critica de hq´s" e coordeno um projeto de extensão voltado para a produção de quadrinhos cujos conteúdos tenham um interesse sócio-antropológico.

Vejam mais informações aqui (um dos projetos mais recentes)

JBlog >> Quais as conclusões que você tira ao final do livro?
Amaro - Que o surgimento dos mangás nacionais segue um esquema um pouco mais complexo de que mera reprodução de uma estética dominante, comercial e ideologicamente orquestradas. Os mangás nacionais, estão seguindo o mesmo procedimentos dos "comics nacionais" (apesar de não terem sidos chamados assim) mas os quadrinhos de super-heróis brazucas.

Existe uma fase de mimetismo (cópia), seguida por uma fase híbrida e finda numa fase "nacional" (pelo qual o produto não é mais reconhecido como estrangeiro ou com influência externa, mas originalmente nacional). A estética destes materiais estão relacionadas a uma hibridização cultural típica da pós-modernidade e da própria dinâmica cultural brasileira (conforme a estética do movimento antropofágico).

JBlog >> A obra é independente?
Amaro - O trabalho foi selecionado pela editora universitária da UFAL para compor o quadro de publicações de 2012.

JBlog >> Onde os interessados encontram o livro a venda?
Amaro - Estará disponível inicialmente no site da Edufal e no da Livraria Cultura. Depois é possível encontrá-lo em todas as livrarias universitárias devido a um programa de intercâmbio de títulos entre as universidades.

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