[Banca de Mestrado] Diversidades No Jogo De Inclassificação Dos Quadrinhos Escolares

 




Na segunda-feira, 24 de maio de 2021, participei da banca de avaliação da dissertação "Diversidades no Jogo de Inclassificação dos Quadrinhos Escolares" de  Raul Felipe Silva Rodrigues, do Mestrado em Educação do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe, atendendo o convite da Profa. Dra. Valéria Bari da UFS que me indiciou para a banca.

Raul foi seu ex-orientando na graduação e desenvolveu uma pesquisa envolvendo os quadrinhos no espaço escolar.

O trabalho foi orientado pela Profa. Dra. Maria Helena Santana Cruz. E a banca composta adicionalmente pelos Professores Doutores Paulo Roberto Boa Sorte Silva (Membro Interno UFS), Simone de Lucena Ferreira (Membro Interno UFS), Valeria Aparecida Bari (Membro Suplente UFS) e por mim, Amaro Xavier Braga Júnior (Membro Externo UFAL).




Resumo do trabalho:
O objetivo principal desta pesquisa, consiste em dar relevo aos sentidos de diversidade a partir da inclassificação de Histórias em Quadrinhos (HQs) do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) e seus possíveis efeitos de construção do sujeito escolar. Sempre, tencionando nas brechas encontradas no interior dos próprios enunciados, possibilidades de celebração da diversidade. Aqui, a inclassificação dos quadrinhos se dá na potência problemática entre o endereçamento infanto-juvenil desse tipo de leitura e sua ausência de Classificação Indicativa – CI. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa do tipo Estado da Arte, centrada nas possibilidades teórico-metodológicas do pós-estruturalismo e dos estudos culturais voltada para a produção cientifica da área de conhecimento sobre diversidade de gênero no campo da educação, A seleção de fontes centra-se em histórias em quadrinhos e a Classificação Indicativa em educação. Em sendo assim, utiliza as ferramentas e procedimentos metodológicos da análise de conteúdo de Bardin (1977) na investigação desses artefatos culturais. A fim de compreender, a partir dos recortes, como são construídos os núcleos de sentidos das diversidades e quais os efeitos da inclassificação nos quadrinhos. Por isso, na escrita desta dissertação são utilizadas metáforas de RPG – RolePlay Game. O principal argumento para as metáforas consiste no fato de que apenas os Livros de RPG, com ou sem imagens, são obrigados a possuir classificação indicativa padronizada. Outrossim, para o Ministério da Justiça, órgão responsável pela CI, o conceito de obra audiovisual classificável contempla as HQs, mas sua classificação não acontece. Dito isto, a análise da diversidade a partir da problemática demonstra que há quadrinhos escolares que mais parecem endereçados ao público adulto, o que leva a crer que se trata de uma questão de práticas. Ao que parece, ao menos no contexto do PNBE, os enunciados quadrinistas só são para crianças e adolescentes quando reproduzem determinados discursos sobre diversidade. Além disso, ao tratarem de diversidade, por vezes, desconsideram a relação interseccional de entre categorias das diversidades de gênero, sexual, cultural, étnico-racial, religiosa e, especialmente, no caso da educação, com a diversidade geracional. O que demonstra, no caso dos artefatos culturais analisados, a participação da inclassificação como uma estratégia exercida através de relações de poder na constituição do sujeito escolar para a sociedade. Daí a urgência para que esses e outros artefatos culturais pedagógicos sejam criticados, desconstruídos e problematizados.

Apesar de muitas fragilidades, destaco um elemento interessante: o rascunho de uma abordagem guiada pela lógica do RPG. Ações e palavras-chaves que orientam a forma de tratar o assunto ou a organização das ideias, permitindo associações entre um cenário e outro. 

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