[Bancas de TCC] Especialização em Histórias em Quadrinhos

 

Na manhã da terça-feira, 26 de outubro de 2021, participei de duas bancas do curso de Especialização em Histórias em Quadrinhos da EST. Participando da avaliação esteve presente o Prof. Dr. Ruben Marcelino Bento da Silva.

Veja aqui quais foram os trabalhos: 

REPRESENTAÇÕES DA MATEMÁTICA EM LOGICOMIX: UMA

ANÁLISE PELO MÉTODO CARTOGRÁFICO CRÍTICO

Danilo Magalhães Farias

Resumo

 O texto presente é um trabalho de conclusão de curso classificado como estudo de

caso, descritivo e bibliográfico. Investigou-se a representação da Matemática no

quadrinho Logicomix: uma jornada épica em busca da verdade. Foi feita uma breve

revisão de trabalhos publicados sobre o quadrinho e um estudo sobre a

representação da Matemática nas histórias em quadrinhos. Para a realização da

análise, utilizou-se o método cartográfico-crítico. Os elementos de enredo da

história, arco narrativo do protagonista, coesão, historicidade e contexto criativo do

objeto foram destrinchados. Chegou-se a conclusão de que a Matemática é

representada como uma possibilidade de organização da realidade, um refúgio

contra a loucura e pertencente ao universo dos homens.

Palavras-chave: Logicomix. Método Cartográfico-Crítico. Matemática.

Considerações: 

Danilo desenvolveu um texto bem interessante. A HQ escolhida por ele, tematiza a vida de uma personagem importante para a história tanto da matemática quanto da filosofia do séc. 20. Apesar de reforçar alguns estereótipos como a ideia da "matemática difícil" e seus vínculos com a loucura. De forma geral,  apresenta uma pesquisa bem desenvolvida e bem estruturada. Faz uma aplicação muito boa do método cartográfico-crítico do Iuri Reblin. Ao meu ver ele poderia ter explorado mais a questão do sexismo contra as mulheres que aparece no material ou sua aplicação didático-pedagógica para o ensino da matemática. Mas é o sociólogo falando.... 

 

REPRESENTAÇÕES DO GROTESCO EM BERSERK: UMA ANÁLISE DOS ARCOS “ERA DE OURO” E “CONVICÇÃO”

Vinicius Ribeiro da Silva 

Resumo

No mundo contemporâneo, os traços do grotesco se mostram cada vez mais

presentes nos diversos campos da arte, especialmente nas artes visuais e nas

histórias em quadrinhos. O grotesco está por toda a parte e pode ser entendido como

uma categoria estética que possui “estrutura” definida. Suas características, que

transpassam diversos períodos históricos e variadas formas artísticas, comumente

incluem o sinistro, as deformidades e as estranhezas que estabelecem uma dinâmica

de atração e repulsa. O objetivo deste trabalho é analisar o mangá Berserk de modo

a compreender como a estética grotesca é ali expressa, sobretudo nos arcos Era de

Ouro e Convicção. A metodologia utilizada para desenvolvimento da pesquisa será o

Método cartográfico-crítico para análise de produções culturais e artefatos da cultura

pop proposto por Reblin (2020), com foco na dimensão estética. As seguintes obras

embasarão a análise: O império do grotesco (2002), de Muniz Sodré e Raquel Paiva,

O Grotesco: configuração na pintura e na literatura, de Wolfgang Kayser (1986), e A

cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais,

de Mikhail Mikhailovitch Bakhtin (1987). A partir da análise de Berserk, demonstrar-

se-á que seu autor, Kentaro Miura, recorre a uma grande quantidade de composições

imagéticas povoadas pelo imaginário grotesco, sinalizando possíveis releituras de

obras de arte consagradas que dialogam com a categoria estética em questão, tendo

em vista principalmente os atributos elencados por Kayser: o monstruoso, o

animalesco, o mecânico e a loucura.

Comentários: 

Vinícius faz uma análise empolgante sobre a relação dos elementos criativos usados por Miura e a dimensão categórica do grotesco. Identifica e sinaliza as apropriações de imagens da história da arte que aparecem recriadas na HQ e de como cada elemento, textual ou imagético segue essa dimensão. Senti falta de uma aprofundamento da relação do grotesco com o gênero Gore que não é problematizada no trabalho. Não é uma análise sobre mangá, enquanto metagênero, mas uma análise sobre uma história em quadrinhos.