[BANCA DE MESTRADO] Encontros Virtuais: Diálogos e Imagens que Constroem Corporeidades com Hiperidrose

 



Nesta terça-feira, 29 de setembro de 2020, participei da banca de avaliação de mestrado em Antropologia Social do aluno: Agaítalo Vasconcelos Júnior, intitulado "Encontros Virtuais: Diálogos e Imagens que Constroem Corporeidades com Hiperidrose", com a presença dos professores do Programa de Pós-graduação Siloé Amorim e Silvia Martins que foi sua orientadora e contando com a co-orientação da Ana Laura Ferreira, sua ex-colega de graduação. 

Agaítalo entrou na seleção do Mestrado por vias de uma cota para alunos deficientes e contou com o auxílio do Núcleo de Acessibilidade (NAC) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), vindo a se tornar nosso primeiro egresso nesta modalidade de inclusão. 

E foi a banca virtual que teve um grande número de ouvintes. Teve momentos que estavam 10 pessoas assistindo a apresentação. 

Resumo do Trabalho:
A presente dissertação é uma autoetnografia sobre pessoas que utilizam as atuais ferramentas da comunicação para compartilhar experiências e emoções relacionadas ao suor constante, condição classificada pela ciência Biomédica como Hiperidrose. Nesse estudo, as narrativas são elaboradas, difundidas e observadas em um grupo virtual fechado, localizado na rede social virtual Facebook. Os signos iniciais dessas corporeidades se revelaram a partir da frequência de comentários sobre possuir uma ou várias partes do corpo constantemente suadas, seguido de debates que destacam a dificuldade de “ser mulher e ter Hiperidrose”, referindo-se às limitações de externar elementos e/ou posturas ligadas à expressão social do gênero feminino. Também pontuo a autoetnografia e o paradigma da reflexividade da voz que permitem a existência de um tipo possível de narrativa de cunho subjetivo onde a escrita revela-se como uma adequação à análise das práticas comunicacionais da internet. (WAAL, 2006). Por fim, discuto como nós integrantes do grupo virtual nos apropriamos dessas ferramentas tecnológicas para compartilharmos fotografias relacionadas ao suor e à Hiperidrose, nesse trabalho de catalogação das imagens, também destaco o compartilhamento de selfies e qual os tipos de comentários suscitados.

A temática é original por vários fatores. Primeiro: a preocupação pela dimensão de investigar as relações sociais entre grupos de pessoas que compartilham uma síndrome que pode provocar segregação e estigma social. Segundo: por analisar esta relação por vias da interação cibernética e digital, dentro de um grupo fechado no Facebook. Terceiro: por utilizar uma perspectiva da autoetnografia como dimensão metodológica de olhar para si mesmo e compor suas inferências. 

Muitas descrições presentes no trabalho são autobiográficas, mas também envolvem a descrição da história de vida de outras pessoas. Há uma tensão que pdoeria ser explorada com mais profundidade entre o Agaítalo – pessoa no texto e o Agaítalo-Antropólogo, refletindo e amparado por teorias e métodos sobre suas anotações, pensamentos e inferências. 

A toalha de rosto como dimensão material do relacionamento social. É uma das partes que mais me chamou a atenção no trabalho. É ela que faz a mediação entre a sintomática da síndrome e sua anulação. O papel da toalha é um agente catalisador e merecia um capítulo só sobre ela. 

Todas as suas narrações envolvem um critério em comum: o combate a sintomatologia estigmatizante que tanto o incomoda. Problematizado o aspecto da perspectiva hierarquizada dos locais em que se sua mais ou menos. A percepção do estigma. (por isso sinto a falta de Goffman para um diálogo).

A dicotomia Seco/Suado deveria ter sido explorada mais a fundo e compor, inclusive, o título do trabalho.   


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