[Boardgames] Panorama Ludopédico de 2020

 Panorama Ludopédico de 2020




A Pandemia saiu do tabuleiro depois de enfrentar o Season 1 e o Season 2 e chegou até à vida real. O ano de 2020 foi complicado ao extremo. Muita coisa aconteceu de forma diferente do planejado e outras precisaram ser readaptadas. Não foi diferente com as jogatinas. 


As estatísticas ficaram um pouco alteradas e seguiram novos percursos. 


Primeiramente, vamos aos aspectos gerais:




Foram ao todo 778 partidas, que se distribuíram em 224 jogos (sendo 150 novos), que aconteceram em 34 locais diferentes e com 122 pessoas distintas. 


Obviamente, o lockdown da Pandemia interferiu nos padrões de jogatina. Levou 46% das partidas para o ambiente on-line. Sendo 89% em tempo real e o restante assíncrono. O H-index de 11, isto é, onze jogos foram jogados 11 vezes cada um. Mas ainda, 20 fives, isto é, pelo menos 20 jogos foram jogados pelo menos 5 vezes cada. E 9 dimes (9 jogos jogados 10 vezes) e 4 quarters (4 jogos jogados pelo menos 25 vezes cada).


O número crescente dos quarters demonstra uma guinada ocasionada pela pandemia. Terminei jogando mais vezes os jogos que já conhecia, já que o contato com jogos novos é mais dependente da circulação entre as coleções dos colegas que compartilham a mesa comigo. 


Veja meu top5 de mecânicas, categorias e o top20 dos mais jogados, em sua grande maioria pesados/médios.








A obrigatoriedade do distanciamento, o confinamento e o medo de adquirir a síndrome ocasionada pelo SARS-COVID-19 nos levou até as plataformas online de jogos. Apesar de  já conhecê-las, elas se tornaram um repositório dos encontros de forma mais intensa. Antes, apenas usadas para testar protótipos, passou para testar jogos novos antes de adquiri-los. 


A primeira destas plataformas foi o Tabletop Simulator, chamado de TTS. Ele contém inúmeros jogos colocados por fãs dentro da Plataforma de jogos digitais Steam. É necessário adquirir uma licença de uso na forma de taxa única. E, depois, baixar os códigos de cada jogo que emulam uma mesa virtual onde os jogadores manipulam as peças e o movimento dos componentes. O TTS é fantástico para “sentir o jogo”, apesar que computadores com processadores e placas de vídeo não tão potentes ou internets com uma banda reduzida atrapalham bastante a experiência. Com o passar das atividades, a conectividade foi o principal empecilho para sua continuidade. Meu mouse e minha internet dificultavam bastante o uso do sistema, mesmo assim, foi um percentual bem elevado de jogatinas que se processaram por via deste recurso. 


O segundo ambiente foi o site especializado em jogos, Boardgame Arena. Eu também já possuia uma conta no BGArena há uns cinco anos e jogava eventualmente. Mas com as dificuldades técnicas do TTS e a necessidade de continuar com os encontros, houve uma migração para o ambiente. O bom do BGArena é a interface com IA que gerencia as regras do jogo, com automação (na grande maioria das vezes inexistente no TTS). Isso facilita bastante as sessões, especialmente de jogos que estão sendo jogados pela primeira vez, para não errar as regras. Boa parte dos jogos são de acesso gratuito, mesmo assim, há uma assinatura premium anual para algumas benesses e acessos privilegiados aos jogos, como abrir sala ou sessão de determinado jogo. Terminei fazendo a assinatura premium também, pois às vezes, a dependência de algum colega para abrir a sala dificultava a possibilidade de jogar uma partida específica de um jogo desejado.  


A terceira via foi em sites construídos pela comunidade de fãs especialmente para determinados jogos. São plataformas que trabalham com um número limitado de jogos com interface visual limitada ou ajustada para permitir uma jogatina que emula o jogo físico em determinada medida. Isso aconteceu com os jogos 18xx e com o Gaia Project. Estes sites são gratuitos e dependem de doação da comunidade, mas prestam um excelente serviço. São programados para o próprio jogador ativar a passagem de turno ou gatilhos de pontuação. Um ou outro possui uma interface com mais autonomia, principalmente em relação às regras. É como se fosse uma mediação entre o sistema do TTS e do BGArena. Em ambos os casos do BGARena e dos sites especializados, havia a possibilidade de jogar pelo acesso ao celular. O TTS não. 


Em todos os casos, a interação face-a-face foi substituída pela interação voz-a-voz. Este pareceu ser um elemento importante para criar o clima das interações, comentários e meta-jogos das partidas. Boa parte desta interatividade ocorreu por vias das plataformas do Discord em canais específicos para marcar as sessões e usar os recursos do sistema para salas privadas dos jogos e sistemas de determinação do primeiro jogador, p. ex. Também se usou em alguns jogos específicos (18xx) o Telegram para avisar com marcações da vez de jogar em partidas assíncronas entre os jogadores. algumas vezes o Discord também tinha suas dificuldades técnicas como voz mecanizada ou silenciamento inoperante, levando as sessões para o Google Meet. 




O quarto ambiente foram os próprios aplicativos de jogos de tabuleiro para celular (apps). Terra Mystica, Trought the Ages, Isle of Skye foram os mais usados, com torneios e sessões tanto síncronas, quanto assíncronas, e em paralelo com o uso de recursos de áudio pelo Discord.  


O último destaque é o crescente número de partidas de jogo Solo.

Eu já havia jogado muitas vezes solo, mas em 2020, multiplicou exponencialmente não apenas o número de partidas, mas o perfil de jogos.


Eu já havia jogado jogos coops e ameritrashs como o Eldritch Horror, mas não estavam entre meus preferidos, que sempre foram os eurogames pesados e médios, como meu perfil mostra. Entretanto, o contexto Pandêmico me levou a achar nesses jogos um bom espaço para jogatina. Suas versões solo que basicamente consiste em jogar sozinho sem mudar praticamente nenhuma regra, pois são jogos cooperativos, me permitiu olhar de forma diferente para este perfil de jogos. O Eldritch rapidamente se tornou meu preferido e adquiri em pouco tempo quase tudo que foi lançado dele, atendendo a necessidade de adquirir jogos “novos” que ficou congelado durante a primeira metade da Pandemia e jogos que me permitissem jogar sem contato com outros jogadores. E isso mudou inclusive a avaliação sobre eles. Estes jogos, como o Eldritch, são jogos demorados, justamente, devido à participação de muitas pessoas. Jogando sozinho, consegui reduzir drasticamente a duração da partida, melhorando minha percepção sobre o jogo. E com ele vieram jogos como o Mansions of Madness e o Lendas de Andor, que eu já tive na coelção, vendi e readquiri durante a Pandemia.


Minhas Meeples Nuvens de palavras com as partidas deste ano e completas com base nos registros.






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