[Crônicas] Desfoco-me...




Depois de um café reforçado, caminhando brevemente para ministrar minha aula sobre jogos, deparo-me com a chuva.

Aguardo, como todo humano pré histórico antes de mim, sob um arvoredo, evitando o açoite intermitente destas lágrimas celestes...

Começo a perceber o quão incomodo é aguardar o humor intempestivo. 

Ao mesmo tempo, me surpreendo com o quão prazeroso é 

o afanar das folhas..., 
o cheiro de terra que se precipita..., 
o acalento suave da umidade.... 
e me vejo cogitando a possibilidade... 

"Porque não aceitar o convite da chuva?"... E deleitar-me.

Quando me precipita uma decisão, o clamor aquoso cessa e me devolve à realidade. 

Antes de correr para meu compromisso semanal, uma gota estapeia a lente do meu óculos, deixando-me, temporariamente, desnorteado. 

Como se me recriminasse, num último desaforo, pela oportunidade perdida. 

Pela escolha mal feita. 

Fazendo-me retirar e secar a lente e, ao olhar para o horizonte, ver, pela minha miopia, que o que tem à minha frente é turvo, tal qual meu futuro.

Maceió, 6 de abril de 2016. 7h18.

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